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Cardiopatias Congênitas e Seus Impactos: Uma Abordagem Integral



Cardiopatias Congênitas e Seus Impactos: Uma Abordagem Integral

As cardiopatias congênitas (CC) representam uma condição médica complexa, afetando até 1% da população de recém-nascidos vivos. Além dos desafios cardíacos associados, é imperativo reconhecer os riscos secundários que essas condições podem acarretar, impactando não apenas a saúde física, mas também o bem-estar psicológico e social, resultando em possíveis sequelas que reverberam ao longo da vida.


A interligação entre as cardiopatias congênitas e os desdobramentos cognitivos e comportamentais não pode ser subestimada. Estudos indicam um risco significativo de dificuldades nas funções cognitivas, alterações motoras, problemas comportamentais, atrasos na fala e até transtornos como déficit de atenção e hiperatividade. Esses desafios não apenas comprometem a qualidade de vida, mas também podem influenciar adversamente o desempenho acadêmico e a interação social.


Os sintomas inerentes às cardiopatias congênitas, como dispneia, vertigem, cansaço e cianose, podem gerar restrições significativas na vida diária de crianças e adolescentes afetados. Essas limitações não se restringem apenas ao aspecto físico, mas têm implicações diretas no desenvolvimento cognitivo e emocional desses indivíduos em fase crucial de crescimento.


A necessidade de cirurgia cardíaca para corrigir as anomalias cardíacas também introduz riscos associados, especialmente quando a intervenção envolve circulação extracorpórea (CEC). Este procedimento, necessário em cerca de 50% dos casos, está correlacionado a possíveis lesões cerebrais, uma complicação que pode se manifestar durante ou após o uso da técnica.


Cada estágio da maturação neurobiológica apresenta características únicas, e, portanto, o monitoramento contínuo do desenvolvimento e comportamento infantil é crucial para a detecção precoce de possíveis alterações nas funções cognitivas. A avaliação dos marcos do desenvolvimento durante consultas pediátricas periódicas torna-se uma prática recomendável, visando identificar qualquer atraso, por menor que seja, e encaminhar para intervenção adequada.


A evolução nas últimas décadas no diagnóstico e tratamento das cardiopatias congênitas tem proporcionado uma melhor qualidade de vida e maior longevidade para essas crianças e adolescentes. Nesse contexto, a estimulação precoce, especialmente no âmbito cognitivo, torna-se uma prioridade. Equipes multidisciplinares desempenham um papel crucial, integrando abordagens terapêuticas diversas para promover o desenvolvimento global desses indivíduos.


As intervenções precoces, focadas tanto nas necessidades cardíacas quanto cognitivas, desempenham um papel crucial na preservação das habilidades cognitivas ao longo do desenvolvimento, contribuindo para uma melhor qualidade de vida e um futuro mais promissor para aqueles que enfrentam o desafio das cardiopatias congênitas.



Dra. Valéria Gandolfi Geraldo

Pediatria - Neurologia Pediátrica

CRM-SP 105.691 - RQE: 26.501-1

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